terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Depoimento:

Confiram o depoimento de Guilherme Cia Zanetti - o Dr. Pindoba



“Realizar atividades lúdicas no hospital é como levar a magia a um ambiente que, comumente, é tratado como um local envolto à tristeza e sofrimento. As pessoas que estão lá, independente dos “porquês”, precisam do nosso carinho e atenção, e os encaram como uma luz de esperança em meio à tempestade que atormenta suas vidas.
Por outro lado, nós sentimos uma satisfação e um encontro pessoal imensos. Eu tenho aprendido muito desde que comecei a fazer parte deste tipo de trabalho. A visão sobre o outro e sobre minha própria vida, o reconhecimento e agradecimento por tudo aquilo que recebi, principalmente a saúde, a família e os amigos são coisas que começam a tomar maior importância a partir do momento em que nos deparamos com a necessidade do próximo, com as nossas condições de auxiliar e oportunidades de ser auxiliado.
É como muitos dizem “no fim das contas, a gente mais recebe do que dá”, e realmente é isso. Por mais que nos esforcemos, talvez não chegamos nem a metade do que todos os sorrisos, abraços e gestos de carinho fazem por nós".

"É um trabalho insubstituível.”



Guilherme Cia Zanetti - Pindoba

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Não!...E agora?

 Não!...E agora??
por Mariane Mirandola



“Com licença minha senhora, posso entrar?” – Disse o clown

“O que você quer aqui? Palhaço no hospital JAMAIS. Não gosto de brincadeira, muito menos desse tipo. Deixe-me em paz” – Responde o paciente







Qual o clown que nunca se deparou com uma situação parecida? De uma forma mais educada ou com uma resposta ao mesmo nível do estresse, o paciente é livre para decidir se aceita ou não a visita de certo alguém mais ou menos engraçado.
De acordo com explicações da integrante do grupo Doutores da Alegria, Beatriz Sayad (leia-se Dra. Valentina), a visita do palhaço é a única opção de escolha que a criança*1 (paciente)tem dentro do hospital, já que, naquele ambiente tudo é obrigatório inclusive o fato de estar lá.
No caso de adultos muitas vezes o clown é barrado justamente por estarem com dor e não conhecerem o trabalho. Alguns pensam ser uma “baderna qualquer” ou até mesmo algum ato político ou religioso, porém após perceberem que o objetivo é realmente buscar um sorriso mudam completamente a opnião.
Já as crianças assustam-se fácil com o traje e a maquiagem. Algumas realmente não “estão para brincadeira” e outras até mesmo os pais preferem recusar a visita.



Mas então o que fazer 





Nesse momento o desespero e a sensação de fracasso são os piores inimigos dentro do jogo. O mais importante com o paciente foi feito, pois a entrega do sorriso e a passagem dos bons fluídos é o que realmente o motiva para sorrir mais.

Nunca deixa transparecer a insatisfação pessoal*² em outros quartos, lembre-se que ali quem manda no personagem é o paciente, ou seja, por alguns instantes acaba sendo o maior motivo de alegria para todos, pois é o único que aceita o NÃO sem ficar chateado*³,o personagem é o único que brinca sem interesse pessoal e que sorri sem esperar nada em troca.

O personagem criado é um alivio para o dia a dia hospitalar, então não basta visitar, é preciso olhar olho a olho e sentir se aquele momento é momento apenas para um sorriso ou de grandes brincadeiras.

Para poder olhar é preciso auto confiança, caracteristica essa que é adquirida com próprio viver; porém não existe personagem a paisana. O clown que vai abordar tem que estar muito bem vestido. A maquiagem é um dos pontos principais para não espantar ninguém.

Leveza é a palavra chave para todo o trabalho, desde maquiagem, passando pelo vestuário até na abordagem, afinal hospital não é um circo, é um local com vários palcos e uma platéria extremamente exigente que deseja apenas viver.









*1: Na frase é citado crianças justamente pela interprete trabalhar com esse público no hospital, porém a citação pode ser utilizada à todos.

*2 e *3: Quem pode ficar chateado com o “não” é o interprete, mas o personagem não liga, passa a bola pra frente e não deixa o nariz cair. Lembrando sempre que são pessoas diferente, já que, o personagem não tem os mesmos compromissos, problemas, dores e carência que o interprete. São dois eus contidos em um único corpo.